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sábado, 20 de junho de 2009

SOBRE O POLO INDUSTRIAL NAVAL II

O resultado da falta de discussão lógica, racional, expôs o Governo a uma medida ao nosso modo de ver drástica: está saindo uma medida provisória em que a RESEX da baía do Iguape será remanejada, para que o impedimento ambiental seja removido e o Polo definitivamente instalado. O que isso implica? Perdemos consideravelmente o poder de persuasão para discutir compensações sócio-ambientais pertinentes. Ou seria isso, ou até o Estaleiro de São Roque estaria impedido de montar duas plataformas para Petrobrás já devidamente contratadas, e aí... adeus divisas e trabalho qualificado para região. E quanto ao meio ambiente? Bem, quanto ao meio ambiente, este continuaria com a poluição esgoto-sanitária trazida pelo Rio Paraguassu das mais de vinte cidades banhadas por ele (o rio) e que efetivamente não possuem saneamento básico, ou as que possuem, têm um mínimo precário que não atendem à demanda e continuam a poluir o Rio. E, diga-se de passagem, de acordo com os resultados dos estudos da maré vermelha, fora este sim o seu principal causador.
Deixando a filosofia de lado, o que existe de verdade são os investimentos já definidos para região, a começar pela qualificação profissional, com direcionamentos consistentes e já determinados.

SOBRE O POLO INDUSTRIAL NAVAL

A polêmica ambiental que se tentou forjar sobre o Polo Industrial Naval na baía de todos os santos, teria sentido se, os que a alimentam conhecessem a realidade por que passam os pescadoras(es) e marisqueiras(os), desde sempre, e mais acentuadamente depois do fenômeno da maré vermelha. Pois bem, o marisco sumiu, o peixe sumiu... e agora? Além do que, existe milhares de jovens que completam o segundo grau anualmente na região, que não são pescadoras(es), nem marisqueiras(os) e invariavelmente ficam na ociosidade, sem alternativa de trabalho e alistam na CIT (Companhia Inimiga do Trabalho) como comumente é chamado por aqui.
Há...mas, existem as questões ambientais que envolvem a natureza da fauna, da flora, da paisagem. Há...mas a questão social como fica? O desenvolvimento traz sérios prejuízos ambientais sem dúvida, mas a fome e a ociosidade causam um desastre ambiental bem maior.
Defendemos a sustentabilidade, a natureza, mas o homem ao seu redor passa ser um predador desenfreado se fica sem alternativa de sobrevivência.
O eminente Prof. Everaldo Queiroz fez um pronunciamento estarrecedor, para um leigo como eu, ex-secretário de meio ambiente de Saubara, que acompanhou paripasso a onda da maré vermelha, seus desdobramentos sociais e ambientais e o resultado de seus estudos. O Prof. Everaldo em recente audiência na Assembléia Legislativa declarou que as ferragens do estaleiro de São Roque do Paraguassu foram principalmente os responsavéis pelo advento da maré vermelha na baía de todos os santos. Hora, é estranho esse depoimento por dois motivos existentes: o primeiro refere-se a um estudo encomendado pelo IMA (Instituto do Meio Ambiente), quando ainda se chamava CRA (Centro de Recursos Ambientais) em que registra-se na área em que foi o epicentro da maré vermelha (entre Saubara e Salinas da Margarida) o menor índice de contaminação por metais pesados da baía de todos os santos, segundo, que por anos a fio as torres da Petrobrás povoaram a região, mesmo já desativadas e nunca se registrou tal fenômeno (maré vermelha).
O que fica nessa falsa polêmica é uma discussão inútil da dicotomia bem e mal e uma falta de visão oportúnica que transcende as posições sectárias e consevadoras e que deveriam dar lugar para o que realmente interessa: a sustentabilidade econômico-social-ambiental do recôncavo baiano, num momento como "nunca visto na história deste país" parafraseando nosso Presidente.