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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Insone...

Insone...


Jony Reys

Preciso da insônia
Careço do não dormir...
Para ser eterno, talvez
Ou apenas para saber que vivi...
Quando a foice chegar.

Preciso estar a viver
Sentir sempre o momento, mesmo em devaneios
Perceber em cada ato
As vidas que me margeiam, ou...
As em que sou simples satélite.

Preciso matutar num segundo, tudo
Tendo a noite como o maior regalo
Preciso do estar sóbrio
Na madrugada, entender o sem sentido...
E flutuar.

Preciso do sussurro silente do Universo
E nele, ousar os gritos sem compaixão
Preciso da razão, e
Com paixão, perdoar Adão, e 
Deus, pela sua impiedade.

Preciso da vaidade, sem tornar-se séria
Preciso da pilhéria... e do sorriso
Preciso saber estar vivo...
Onde não divagar, e o
Onde o ir... não fará diferença à eternidade.







Caminhos... A gênese.

Caminhos... A gênese

Jony Reys


A vida não se fazia fácil naquele pedaço de mundo.
A beleza e a inocência se misturavam desde sempre. 
Sob proteção uterina, tudo parecia uma "mar (amniótico) de rosas" . 
Dividir o espaço não era problema, mas, quis o destino lhe eternizar a solidão, o gêmeo desistiu, doou sua força para o irmão sobrevivente. Implacável ao coração, a saudade precoce de quem não conheceu, a ferida marcada pelo vazio de todo tempo. 
A selva ainda era verde e os campos exalavam o aroma divino. 
Os homens ainda se permitiam à sesta e o pescado fora abundante nestes dias. 
O velho vô ia e vinha ao seu roçado, rateava verduras e cereais, e nunca se fizera de rogado... amava sua vida. 
A velha vó, cuidava da casa, sentava às tardes... ao descer o sol, a esperar seu velho, que, embora cansado, carreava nos ombros o resultado de seu labor. 
Qual pacato era. 
O pai, boêmio... firmou a data com uma serenata ao luar... um solo longo e solitário de trompete, estimulado pelas doses de "rabo de galo". 
A mãe, meses antes abortava o primogênito, não entendia o Divino, tal novel de sua experiência. 
Entre canjas e mamadas, insistia na volta à labuta. 
Em breve, ao embalar a rede de um lado, trabalhava pontos e arremates das vestes finas do lugar. Estranho jeito de nascer.

domingo, 17 de setembro de 2017

No campo

No campo

Jony Reys

No pé de manga "papo de rola"
A cigarra em concerto, quebra o silêncio
Onde a brisa em pausa, insiste em cantata
As pererecas, em trincheiras, entoa a sinfonia

No zumbir das abelhas
Carujando as maduras mangas esparramadas ao chão
O contraste em si
A folhagem, verde a bailar
Soam que nem pratos e caixas

O tempo permanece devagar
Vez em quando ... uma lagarta
Farta-se dos insetos em abundância
Participam da orquestração

Cardeais e pardais que nem cronistas
Emprestam mavioso seu cantar
Harmonizam o conjunto
Embelezam a vida em passagem

Neste instante, roupantes
Faz-se pensar no amor real... onde vive
Faz-se pensar em outras vidas...
A natureza mora aqui.

sábado, 16 de setembro de 2017

O Encontro

O Encontro 

Jony Reys


Num retangular em dúvidas, somos tantos, somos muitos
Somos tudo, somos o que temos, o que fazemos
Somos a esperança imperfeita, somos a fé
Noutro instante num quadrangular versado, somos os instrumentos,
o exército, a força, o dilema, da idéia... para o resultado
Nestas paredes mofadas, somos a luz, somos o calor
O sol para aquecer e brilhar noutras distâncias, somos a ânsia
Somos a chuva a regar, somos o vento a suavizar, somos a semente
Entre princípios e ideais seremos os tais ou os fatais
Somos a natureza breve para o perene
Somos a fome da transformação, a ação
Somos sim, somos não, nunca o talvez
Nesta terra insane, obesa, somos a leveza
Numa casa insatisfeita, somos a vontade, a igualdade
Entre formas diferentes somos a gente, a diversa, temos a meta
Somos seniors, somos jovens, meia vida...
Solenes ou íntimos, falantes ou silentes... somos pensantes
Somos os passageiros, somos os condutores, somos atores
Somos a alma, somos a nuvem formática
Somos tudo, somos nada, a invernada
Na caixa menor, somos o cansaço, sem nervos de aço
Somos o frágil, os medos, somos nosso segredo
As vidas, de alguma forma vivida, de algum jeito forjada
Somos história, mesmo passante, a ser de qualquer modo lembrada!