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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O vinho e o circo

 O vinho e o Circo

Jony Reys

A praça, pequena, tem um carisma estranho que brota de dentro nos nativos e aflora nas faces rubras dos visitantes, expostos ao sol... nela o tempo passa ao largo... o mundo gira em seu torno... bébados tristes e sóbrios disfarçados circulam sem alternativa num trânsito de difícil entendimento... caras e bocas se encontram... se comparam... se atraem... se arredam, num deslavado e contínuo gesto de grandeza imensurável... de sentido duvidoso... olhares se cruzam e se repelem, se cruzam e se cumprimentam, se cruzam e se admiram, se cruzam e se chocam, tal a diversidade.
A horda permanece esma, o álcool ilude inflamando a imaginação... desventurados os que não usam seu apelo... pois a estes não cabem o reino da terra... da bacanália... do prazer... viva Baco afinal!!! Que importa? a beleza disforme desfila tresloucada no triângulo irregular ... os de fora, estes embebecidos não questionam a razão... e cantam ... e dançam... e curtem...
Os de dentro, eufóricos, navegam com olhares tentados em corpos à mostra... deliciam-se... embriagam-se...
Na volta do som, bandinhas alimentam o império de Eros e a vida passa a ser bela... e todos são maravilhosos... o prazer movido ao vinho exalta o desafio de viver o circo, da gente que num instante febril vive a natureza plena... sem medo de ser feliz.