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domingo, 13 de março de 2011

CARTAS NOTURNAS II - Cinzas do Carnaval...

Cartas Noturnas II
Cinzas do Carnaval

Jony Reys


Três dias de folião... entre pierrot’s e colombinas, piratas e travestidos e os mascarados... os mascarados... as fantasias como peças impecáveis do melhor dos alfaiates, esmeradas a cada personagem, a cada grupo, a cada drama... O pão e o circo...isto é carnaval. Que venha o pão, que venha o circo, não é dever ser sério todo o tempo, a humanidade precisa de trégua... entre marchinhas e pagodes, segue na falsa apoteose, brilhantes rufiões. A noite adentra em saudades, ou não... da varanda emprestada, resistentes manguezais insistem em manter a vida, em refletir beleza para os poucos que a reconhecem. Caranguejos raquíticos teimam em sobreviver, sufocados por estrumes humanos que lhes impõe a retirada, em luta desigual. No calor do quarto escuro, um passeio entre sonhos e a realidade, entre toda gente que é, e o que deveria ser... tênues esperanças celestiais. Ouve-se ao fundo, uma canção repetente de grilos artistas, na marcação... o ruidoso ventilador de teto, cansado pela útil vida, corroído pelo fronteiro salitre.

No tempo do cronista um despertar noturno, flagrante, preenchido pelo festival... a passar lentamente pela ofegante noite... um rufar de tambores e informações lhe cortejam a mente... os neurônios em plena, insaciáveis e insolúveis... a vida exige ordem no ocaso carnavalesco e mundo retoma a rotina de realidades febris e decorrentes... sementes para um novo amanhã, que não tardará chegar.