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domingo, 24 de julho de 2011

Cartas Noturnas III

Cartas Noturnas III
Uma noite de inverno

Jony Reys

Na mente a passar... segue o tempo de inverno pálido e noites de frio maleável... lá fora, víboras se entocam e preparam botes sem fins, sem glória. A alegria resplandece breve ante a brisa leve, gélida, sem machucar a face longínqua, silente... e todos se preparam para o profano.

A aragem, ainda que lânguida, sopra a quatro cantos e instiga a inspiração. Ao fundo, o sobrado cumplicia a vida que corre ao longe, que vaga ao olhar... Na baía, a garoa cai despretensiosa, ferindo branda as águas mornas que banham o magnífico litoral. Cronos invade os dias, desavisado e lépido... não teme a eternidade. O bananal do quintal ao lado sombreando os raios lunáticos refletem a penumbra de formas sombrias e horripilantes... serve bem aos morcegos, em especial aos vampiros, para dias assim. Do formigueiro, agitado durante o dia, não se vê as operárias em seu transe cotidiano.

Em retorno ao horizonte luzes toscas refletem o mar vazio... as canoas, hora recolhidas, não desafiam a tempestade anunciada.

O cronista passeia na circunferência a cento e oitenta graus e no ocidente, depara com a visão sacra do prédio tricentenário, torres em riste para o céu, revela imponente seu sagrado, impondo inconteste sua autoridade... Ao lado, o lugar comum... a terra dos mortos, em área de nobre beleza, a contemplar a bela terra de São Domingos de Gusmão.

A face inerte revela enfim a realidade que transcende a tudo e todos... que se fará presente e resoluta sempre e para sempre... a verdade quântica... que a todos pertencem e não é de nenhum... A noite que chega e confidencia seus segredos... os mais profundos... se afirma enquanto fonte da eternidade, que inimaginável , jamais se revelará.