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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Os Ossos não têm Máscaras

Os Ossos não têm Máscaras

Jony Reys

Nada mais puro que um esqueleto, ou noutra via, um osso... apenas um osso: 
Não fede, nem cheira, não é belo e com um pouco de boa vontade nem é feio, assim deveria ser a humanidade. 
Despojado da vaidade ao certo carregaria menos o fardo da vida na terra... ou em qualquer outro lugar.
Imagino uma coleção de ossos, de todas as matizes, seguem um desenho natural, arquitetônico.
Imagino os ossos de cada ave, de cada réptil, não imagino os humanos: são grosseiros, sem arte.
Penso sempre e quanto mais perto de meus pensamentos, mais longe fico da humanidade.
E os ossos? 
E as máscaras? 
Os ossos são as linhas, o traçado, a base.
As máscaras são a textura, as cores que desbotam ao tempo, a carne que perece e se transforma ao longo da existência, com brilho decadente... rugas existenciais. 
Nos esqueletos... somos todos iguais. 
Não deveria ser este o princípio? 
A máxima dos ossos: a igualdade... o começo pelo fim. 
O singular sem a violência. 
Um dino por exemplo, um tiranorex... a beleza inofensiva de sua carcaça... a perfeição de seus dentes, sem a ferocidade determinada pelo desejo e necessidade da carne. 
Enfim; 
Quando somos apenas ossos, estamos mais próximos de ser humanos. 



sexta-feira, 7 de maio de 2010

Às Sombras do Ocaso

Às Sombras do Ocaso

Jony Reys


Das belezas que mais me fascinam nesta vida, está o pôr do sol.
E é lá, no morro que margeia a Cidade, que enebriado com o espetáculo, aprecio o negrume da noite a esconder o verde das árvores até tomar-lhes toda luz que reflete do sol. Assim, na virada da tarde, os pensamentos vagueiam e formam o meu dia que vem. E, as  sombras do ocaso me levam de volta ao passado, tempos de menino que corria às ruas descalçadas da velha vila, para ir ao rio, e junto a ele, nesse momento de cair da tarde, jogar o baba no campo do Palmeiras. 
Tempos que não voltam mais: nem poderiam. Fora embora a amizade ingênua daqueles tempos... Hoje em dia todos somos políticos.
O nosso rio já não serve mais para o banho e sua água hoje cara é tratada quimicamente para que possamos degustá-la... Já não nos pertence.
Fora o tempo em que as ingazeiras nos dava um fruto delicioso e era o lanche preferido ao relaxar das pelejas intensamente disputadas entre os times de Djalma de Narinha e João de Clarindo "in memorium".
Há muito Busiguin já morrera e não deixara descendentes entre os jegues, para carregar as compras vindas da "Bahia" pelo Devagar e Sempre.
Os viveiros do Dr. Jaime já não dão mais as curimãs, no rescaldo da pescaria.
Quem não lembra das salinas, o povo não comprava o sal iodado que hoje ocupa nossa cozinha e ajuda na hipertensão. 
É... a Saubara de velhos tempos em que quando não se tinha o que comer, o bacalhau era a saída pra mesa, hoje gourmet e chique.
De repente, ao posar o olhar ao longe,  a noite já ganhara vida nos montes perenes e a Serra do São Francisco se esconde no manto negro de mais um dia de sombras e ocaso e as imagens do passado vertem ao presente não tão romântico.

Anos de Sonhos

Anos de Sonhos


Jony Reys

Há alguns dias li um livro de Cury: Vendedor de sonhos, onde um homem sai do nada, salva um suicida e a partir daí  forma um "exército" de seguidores, tal qual Jesus... Imaginei: 
Como é fácil vender sonhos às pessoas. 
Cada um de nós tem um desejo, um objetivo, um sonho.
É aí que entra os tais vendedores de sonhos, nos observam, prometem... para cada um de nós aquilo que queremos, mas que, a maioria de nós nunca alcança, visto que, os espertos vendedores de sonhos nunca cumprem suas promessas, só enganam. Enquanto isso nos contentamos com o que nos permitem, e quase sempre o que ganhamos são mais promessas, são mais sonhos. Por que será que não enfrentamos nossa realidade e lutamos pelos nossos direitos, ao invés de alimentarmos facilidades? Graças aos sutis vendedores de sonhos, continuamos a ilusão de que nossa vida vai ser resolvida de maneira fácil e definitiva, enquanto que, os ladinos vendedores de sonhos enriquecem... surgem do nada, sem nada, vendem ilusões e ficam milionários.
Chega de comprar sonhos.
Precisamos cair na real e lutar pelo que verdadeiramente é justo e legítimo para nossas vidas.
Sem falsos profetas, sem ilusórios sonhos afinal.
Não devemos deixar de sonhar... 
Mas, podemos expurgar os vendedores de sonhos.

O Sultão e o Vizir

O Sultão e o Vizir

Durante uns trinta anos, um Vizir, que era conhecido e admirado por sua lealdade, sinceridade e devoção a Deus, serviu ao seu senhor.
Sua honestidade, entretanto, gerou inimigos na corte, que espalhavam calúnias a seu respeito.
Eles falavam ao ouvido do Sultão o dia inteiro, até que ele também começou a desconfiar do inocente Vizir e acabou condenando à morte o homem que lhe servia tão bem.
Naquele reino, quem fosse condenado à morte, era amarrado e jogado no cercado onde o Sultão mantinha os seus cães de caça mais ferozes.
Os animais estraçalhariam a vítima de imediato. Antes de ser jogado aos cães, entretanto, o Vizir fez um último pedido: precisaria de dez dias de trégua.
Nesse tempo pagaria as dívidas, recolheria o dinheiro que lhe deviam e devolveria artigos que as pessoas lhe deram para guardar.
Dividiria seus bens entre os membros da sua família e indicaria um guardião para os filhos.
Depois de ter a garantia de que o Vizir não iria tentar fugir, o Sultão lhe concedeu o pedido.
O Vizir correu para casa, juntou cem moedas de ouro, depois foi visitar o caçador que cuidava dos cães do Sultão.
Ofereceu ao homem as cem moedas de ouro e disse: "deixe-me cuidar dos cães durante dez dias".
O caçador concordou e durante os dez dias seguintes o Vizir cuidou das feras com muita atenção, tratando-as bem e alimentando-as bastante.
No final dos dez dias elas estavam comendo na sua mão. No décimo primeiro dia, o Vizir foi chamado à presença do Sultão, e este assistiu enquanto o Vizir era jogado aos cães.
Mas quando as feras o viram, correram até ele e mordiscaram afetuosamente suas mãos e começaram a brincar com ele.
O Sultão ficou espantado e perguntou ao Vizir por que os cães haviam poupado a sua vida.
O Vizir respondeu: "cuidei desses cães durante dez dias e o senhor mesmo viu o resultado.
Eu cuidei do senhor durante trinta anos, e qual foi o resultado? Fui condenado à morte por causa de falsas acusações levantadas por meus inimigos".
O Sultão corou de vergonha. Ele não só perdoou o Vizir como lhe deu belas roupas e lhe entregou os homens que o haviam difamado.
Mas o nobre Vizir os libertou e continuou a tratá-los com bondade.
Por vezes nós temos agido como o Sultão da história. Desconsiderando pessoas que nos são fiéis por longo tempo, damos ouvidos a outras que desejam destruir e infelicitar.
Há sempre caluniadores nos palcos terrenos, e sempre há quem lhes dê ouvidos e crédito.
O indivíduo que fala mal dos outros quando estes estão ausentes, não tem boas intenções.
Quem deseja edificar, corrigir equívocos, melhorar a situação, fala diretamente com os envolvidos e ouve as suas razões.
Geralmente instigadas pela inveja, o ciúme, o despeito, pessoas arrasam a vida de outras pessoas e geram infelicidade para si mesmas, num futuro próximo ou distante.
Por isso, é sempre importante pensar sobre as verdadeiras intenções daqueles que gostam de fazer comentários sobre quem não está presente e não tem a menor chance de se defender.
É importante considerar, ainda, que quem faz comentários maldosos dos outros para você, poderá fazer de você para os outros, logo mais.
Pensando assim, sempre que o assunto em pauta for uma pessoa, seria justo que ela pudesse participar da conversa.
Você não gostaria de estar presente quando o assunto fosse você?
Pois bem, é muito provável que as outras pessoas também desejem o mesmo.
Por mais fascinante que seja falar mal dos outros "pelas costas", isso jamais fará dessa prática uma atitude nobre.
Pensemos nisso! 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base na história homônima, publicada em O Livro de Ouro da Sabedoria, Ed. Sapienza.