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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O Crepúsculo da Inocência

Fora-se o tempo em que a picula, o guerrô, o jogo de damas, de ponga, roda, a paquera, a curiosidade do biquine na praia, os banhos de rio, a conversa graciosa na praça, faziam parte da rotina da adolescência da velha Vila. O coreto, a bandinha, a quermesse... O cotidiano mudou, e mesmo considerando que, desde sempre, se caracterizara por sua fogosidade, a introdução da cultura metropolitana e televisiva foi uma injunção cruel para a pacata terra de São Domingos de Gusmão. O que d'antes nunca foi além de uma traquinagem para uns poucos aventurados na arte de tragar a diamba, transfigura-se de repente no mal do século, e a terrinha, vê num instante, os antigos afanadores de galináceas para cozinhados, ir à assaltantes a mão armada, trazendo pânico e morte ao paraíso perdido. A inocência se foi, e ao som de "todo enfiado" e ao abuso de alucinógenos letais, nossa puberdade hoje se perde no tempo e nos espaços de pagode. Por fim, vem a força da Lei a impor uma atitude que a família não consegue mais tomar. O "toque de recolher", remédio amargo, é um alerta para que, o outrora éden, não venha a perder seu futuro para um mundo que nunca fora o seu. Sua juventude, ainda que não volte aos áureos tempos, deverá redesenhar sua história, construí-la digna e gloriosa na face do futuro que não vai faltar, para orgulho desta jovem Cidade do recôncavo.