O Preço do Silêncio
Estava a admirar o Ocaso, tarde dessas, e uma vontade de ler Drumond arrebatou meus pensamentos.
Ao cair o negrume da noite sobre as árvores resolvi me deleitar com suas poesias.
De repente, chegando do nada e se instalando em lugar algum, um som de pagode, desses mais inaudíveis, nas alturas de meu Deus... Enlouqueci.
Parei o livro e me dediquei a ler a "Lei de Poluição Sonora", que bom se fosse entendida, fiquei a matutar.
O vento, depois de algum tempo de pirraça, levou o estridente poluidor.
Fui ao banho para relaxar e isto feito voltei a ler Drumond, sem o mesmo entusiasmo.
Nessa altura, a TV do quarto anunciava a novela das sete, ainda baixinha.
Respirei fundo e passei a me concentrar nas crônicas, esquecendo as poesias, e o encanto do original ocaso.
Não incomodava tanto a barulheira das crianças na rua, mas, eis que surge aos meus ouvidos um grito cortante... Aleluia.
Pronto, era o pastor da igreja do fundo da casa berrando ao tempo, temendo que Deus não o escutasse.
Sede crente, era a pastora da igreja da frente, aflita ao gritar a sua fé, pouco importando a tal Lei.
Mas, uma Lei? Lei dos Homens? O que vale é a sua Lei de Deus, deve pensar.
E esta precisa ser bradada aos quatro cantos, e que se dane os jornais, as novelas, os livros, ou outras opções que queiram a vizinhança.
Mas, e Deus?
Quem disse que Deus é surdo?
A TV do quarto passa a narrar o pastelão das sete às alturas. Minha mãe, uma octogenária católica tradicional e fervorosa me liga: "Filho não posso rezar com essa zuada, Deus quer ouvir a todos" lamenta.
Ah! Quantos dízimos seriam suficientes para as igrejas respeitarem a Lei (dos Homens)?
Ah! Quantas cervejas seriam necessárias para o ébrio do carro que arranhava o maldito pagode?
Quantos doces para a criançada brincar quieta?
Qual o "Preço do Silêncio" para, de volta ao Ocaso, termos tempo de contemplar a vida e a poesia?
Jony Reys
Estava a admirar o Ocaso, tarde dessas, e uma vontade de ler Drumond arrebatou meus pensamentos.
Ao cair o negrume da noite sobre as árvores resolvi me deleitar com suas poesias.
De repente, chegando do nada e se instalando em lugar algum, um som de pagode, desses mais inaudíveis, nas alturas de meu Deus... Enlouqueci.
Parei o livro e me dediquei a ler a "Lei de Poluição Sonora", que bom se fosse entendida, fiquei a matutar.
O vento, depois de algum tempo de pirraça, levou o estridente poluidor.
Fui ao banho para relaxar e isto feito voltei a ler Drumond, sem o mesmo entusiasmo.
Nessa altura, a TV do quarto anunciava a novela das sete, ainda baixinha.
Respirei fundo e passei a me concentrar nas crônicas, esquecendo as poesias, e o encanto do original ocaso.
Não incomodava tanto a barulheira das crianças na rua, mas, eis que surge aos meus ouvidos um grito cortante... Aleluia.
Pronto, era o pastor da igreja do fundo da casa berrando ao tempo, temendo que Deus não o escutasse.
Sede crente, era a pastora da igreja da frente, aflita ao gritar a sua fé, pouco importando a tal Lei.
Mas, uma Lei? Lei dos Homens? O que vale é a sua Lei de Deus, deve pensar.
E esta precisa ser bradada aos quatro cantos, e que se dane os jornais, as novelas, os livros, ou outras opções que queiram a vizinhança.
Mas, e Deus?
Quem disse que Deus é surdo?
A TV do quarto passa a narrar o pastelão das sete às alturas. Minha mãe, uma octogenária católica tradicional e fervorosa me liga: "Filho não posso rezar com essa zuada, Deus quer ouvir a todos" lamenta.
Ah! Quantos dízimos seriam suficientes para as igrejas respeitarem a Lei (dos Homens)?
Ah! Quantas cervejas seriam necessárias para o ébrio do carro que arranhava o maldito pagode?
Quantos doces para a criançada brincar quieta?
Qual o "Preço do Silêncio" para, de volta ao Ocaso, termos tempo de contemplar a vida e a poesia?